Arquivo de Wimbledon - Fair Play

wimbledon.jpg
André Dias PereiraJunho 30, 20233min0

Todos os Grand Slam são especiais. Mas o torneio de Wimbledon, até por ser o mais antigo, continua a ser a prova rainha do ténis. Aquele torneio que separa os meninos dos cavalheiros, como é habitualmente denominado. Já com Federer aposentado, a questão que se coloca é se algum tenista em atividade personifica tão bem a prova quanto o suíço o fazia.

Há Djokovic, claro, mas o sérvio é um todo o terreno, um mestre da eficácia, sem a elegância de movimentos que caracterizou Federer. E, talvez por isso, mesmo que Nolan se torne campeão e o maior vencedor do torneio com 8 troféus, porventura Federer continuará a ser a grande referência do All England Club.

Vencedor de Roland Garros e maior campeão de Majors, Djokovic é o grande favorito a vencer em Londres. Atravessa uma boa forma e já provou que nos momentos-chave não facilita.

Com Nadal afastado até final do ano, Carlos Alcaraz é, novamente, o principal rival do sérvio. Foi assim também em Roland Garros. Os dois encontram-se nas meias-finais mas o espanhol ressentiu-se de uma lesão e jogou muito condicionado. O jogo mais esperado do ano acabou por não se traduzir no que todos queriam. E sem Alcaraz, Nolan ficou com caminho aberto para novo título.

Os dois jogadores podem escrever um novo capítulo em Wimbledon. Mas poderá o menino de 20 anos tornar-se tão cedo um cavalheiro?

Essa não é um pergunta de resposta fácil. A relva não é de todo o piso mais favorável a Alcaraz. Até há pouco tempo o espanhol não tinha ganho sequer a ninguém do top-30 neste tipo de piso. Mas se há coisa que estamos a aprender com Alcaraz é a sua capacidade de evoluir. E a verdade é que chega a Wimbledon como número 1 o mundo após triunfo em Queens, uma antecâmara para o All England Club,

Carlitos, o camaleão dos courts

Em Queens, Carlitos deixou para trás adversários como Dimitrov, Korda e De Minaur. É, pelo menos um bom sinal. E também um sinal da sua facilidade de adaptação. Para termos um comparativo, em Madrid, torneio que Alcaraz também venceu, devolvia o primeiro serviço posicionado 4,8 metros atrás da linha de fundo. Mas em Queens, na relva, diminuiu essa distância em 1,4 metros.

Djokovic é o campeão em título e há 4 anos que tem sido sempre assim. Desta vez, talvez, o seu favoritismo seja ainda mais vincado. Mas não dá para descartar Alcaraz, nem Medvedev ou Sinner. O russo tem sido um dos jogadores mais consistentes da temporada, apesar de não ser tão dominante na relva. Já Jack Sinner tem sofrido com lesões o que o obrigou a desistir de Halle. Há ainda alguns ousiders como Kyrgios, Rublev, Tsitsipas ou Bublik mas tudo dependerá da forma como forem evoluindo.

O torneio prolonga-se e 3 e 16 de julho.

novak.jpg
André Dias PereiraJulho 13, 20223min0

Se há jogador que nunca pode ser descartado é Novak Djokovic. O sérvio tem passado uma temporada difícil, com ausência em torneios importantes, afastando-se da liderança mundial. Chegou a dizer que o ténis não era mais a sua prioridade e que queria passar mais tempo com a família. Mas na hora da verdade, quando entra em court é para ganhar. E voltou a fazê-lo em Wimbledon. O torneio mais importante da temporada de relva foi como um jardim que viu o sérvio renascer na temporada para o mais alto patamar do ténis.

Djokovic não está na sua melhor forma mas ainda assim foi suficiente para levar o seu sétimo título no All England Club. E o 21 major da sua carreira. Pela primeira vez, Djokovic ultrapassou Roger Federer em títulos de Grand Slam e está apenas a um de Rafael Nadal. Contudo, a sua presença no US Open não está garantida por não se encontrar vacinado. E mesmo no Australian Open, em 2023, a sua presença não está confirmada, embora notícias circulem no Reino Unido a dizer que Djokovic poderá jogar em Melbourne, ao contrário do que aconteceu este ano.

Essa incerteza dá alguma vantagem a Rafael Nadal no que diz respeito à luta pelo maior número de Major. O espanhol caiu nas meias-finais por desistência, após afastar nos quartos de final Taylor Fritz. O maiorquino venceu por 3-6, 7-5, 3-6, 7-5 e 7-6, num jogo épico, em que esteve em grande inferioridade física. Nadal já não disputou as meias finais diante Kyrgios, que seguiu assim para a final.

E na final, Djokovic fez valer a sua superioridade. Ganhou por 4-6, 6-3, 6-4 e 7-6. O sérvio foi amplamente superior ao australiano, que jogou pela primeira vez uma final de Grand Slam. Kyrgios voltou a mostrar a irregularidade que tem pautado a sua carreira. Embora, reconheça-se, que tem vindo a melhorar nestes últimos dois anos. Kyrgios é indubitavelmente um dos mais talentosos do circuito, mas os altos e baixos têm marcado  sua carreira. É hoje 45 do ranking mundial. Ainda assim, soma seis títulos, o último dos quais em 2019.

As lágrimas de Djokovic

Este não foi um torneio fácil para Djokovic. Já se sabia. Até pela sua forma física e técnica em função da limitação de torneios em que pode participar. Ainda assim, entrou de forma tranquila diante Thanasi Kokkinakis (6-1, 6-4 e 6-2) e Miomir Kecmanovic (6-0, 6-3 e 6-4). Seguiram-se Tim Van Rijthoven (6-2, 4-6, 6-1 e 6-2), Jannik Sinner (5-7, 2-6, 6-3, 6-2, 6-2) e, nas meias-finais Cameron Norrie (2-6, 6-3, 6-2 e 6-4).

O sérvio não foi tão imponente quanto em outros títulos, mas este teve seguramente um sabor especial. E não por acaso, não evitou as lágrimas na hora de erguer o troféu. “Ganhar este troféu depois do que aconteceu em Austrália. Lembrar-me de todos os momentos maus”, começou por explicar. “Senti um alívio” disse, lembrando que é “um ser humano”.

Apesar do título, o sérvio cai quatro posições no ranking ATP. Isto porque o torneio não contou para os pontos, pois os tenistas russos e bielorrusso não puderam participar.

Apesar do continuo domínio do big-3 em Wimbledon, Cameron Norrie e Nick Kyrgios aproveitaram para mostrar o bom momento que atravessam. Esta foi, de resto, a primeira vez  que o britânico alcançou as semi-finais de Wimbledon. Atualmente no 12 lugar do ranking ele é hoje a maior esperança britânica para vencer em casa, depois do sucesso de Andy Murray.

Ainda assim, e apesar da idade, Nadal e Djokovic prometem continuar a dividir os maiores troféus de ténis. Federer também esteve no All England Club – e foi ovacionado – mas por enquanto continuará só na bancada.

3165386-64863168-2560-1440.jpg
André Dias PereiraJulho 26, 20214min0

A resposta à pergunta do título é controversa e divide opiniões no mundo do ténis. Sobretudo entre os fãs. E, por certo, a pergunta está na cabeça de Roger Federer. Prestes a completar 40 anos de idade, ainda faz sentido o multicampeão suíço jogar ao mais alto nível?

Há alguns anos que se vem questionando até quando Roger Federer vai continuar no circuito. O helvético sempre respondeu que quando a família pedir para sair ou não sentir que pode ser competitivo, sobretudo contra Nadal e Djokovic, sairá pela próprio pé.

Após ser igualado em número de Majors pelo espanhol e pelo sérvio (20), poucos apostam hoje que Federer possa ainda ganhar mais algum Grand Slam. Mas isso talvez nem seja o mais importante. Em Wimbledon caiu nos quartos de final. Pior do que a derrota, foi a forma como ela aconteceu. O desaire por 6-3, 7-6 e 6-0, para Hubert Hurzkacz, foi seu o pior resultado dos últimos 19 anos no All England Club. Para quem se habituou a ganhar e chegar a tantas finais, derrotas como esta pesam na imagem do tenista.

O seu último Grand Slam conquistado foi o Australian Open, em 2018. No ano seguinte foi finalista vencido em Wimbledon. Os quatro títulos conquistados em 2019 (Basileia, Halle, Miami e Dubai) foram, aliás, os seus últimos desde então. Recorde-se também que Federer esteve afastado um ano a recuperar de duas cirurgias ao joelho direito.

Talvez o suíço já não esteja no auge da sua capacidade para voltar a ser a máquina vencedora que habituou os fãs, mas é imprudente e injusto dizer que já não é competitivo. Antes pelo contrário. Não há memória de outro tenista na história que apresente a performance de Federer nesta idade.

US Open e o futuro de Federer

A verdade é que a poucos dias de fazer 40 anos (8 de agosto) Federer segue firme no top-10 mundial, como número 9. E chegar aos quartos de final de um Grand Slam continua a ser um registo muito bom para qualquer tenista. Conforme referido antes, talvez o seu passado vitorioso pese quando vimos Fed cair antes das fases decisivas. E aí entra outra pergunta: Qual vai ser a última imagem de Federer antes de se aposentar?

Por enquanto, o suíço deixa em aberto todas as possibilidades. Após perder em Wimbledon, reconheceu que “é momento de pensar”, não prometendo voltar ao All England Club, embora gostasse de o fazer.

Talvez o US Open possa ser chave para responder a isso. Caso o joelho de Federer responda bem, ele consiga ser competitivo, mesmo não chegando às meias-finais, pode acontecer que o suíço permaneça no circuito nos próximos anos. Caso haja uma nova derrota vexatória, como em Wimbledon, ou o joelho não esteja bem, é possível que estejamos a ver os últimos momentos do helvético nos courts. Ou, pelo menos, em Majors. Isto porque, até pela idade e menor vigor físico, jogar a 5 sets pode ser já demasiado exigente. Mas jogar Masters a três sets, em momentos estratégicos do ano pode configurar-se como alternativa.

Jimmy Connors ainda pode ser atingido

Provavelmente Federer terminará a carreira sem ser o jogador com mais Grand Slam. Contudo, está apenas a 7 títulos ATP de igualar Jimmy Connors como maior campeão do circuito da história. Talvez seja esse o mais acessível e derradeiro recorde que o multicampeão suíço pode ainda almejar.

Após uma temporada e meia marcada pela pandemia e algumas incertezas, os fãs pedem ainda que Fed faça uma última temporada completa de despedida. A grande quantidade de patrocínios associados ao suíço também tem dado força à sua continuidade, embora dinheiro não seja, há muito tempo, problema para ele.

Certo é que o dia da despedida dos courts estará cada vez mais próximo. E quando isso acontecer ficará um vazio para todos: fãs de ténis e desporto no geral, jogadores, treinadores e ATP. Enfim, será o fim de uma era para que outra nasça. E há tanto a acontecer no ténis…

wimbledon-1280x720.jpg
Thiago MacielMaio 26, 20206min0

No início do mês de abril foi anunciado o cancelamento do torneio de Wimbledon, uma pena para os amantes do tênis. Mas você conhece a origem do torneio? Suas tradições e principais campeões? Então se liga neste artigo onde te explico tudo.

agut_na_semi_em_wimbledon-1280x883.jpg
André Dias PereiraMaio 22, 20201min0

Apesar das incertezas que envolvem a temporada de ténis, Roberto Bautista Agut mantém o foco. O tenista espanhol, 31 anos, não perdeu as esperanças de se qualificar para o ATP Finals. A acontecer seria a primeira vez em sua carreira. Ao ATP Tour, Agut reconheceu que pretende jogar o torneio que reúne os 8 melhores do ano, antes do final da carreira. “Se for este ano, tanto melhor”, afirmou.

O tenista espanhol afirma também que esse objetivo não é uma obsessão. Nos últimos anos tem estado perto. Atualmente em 12 do ranking mundial, Agut diz que tem trabalhado em casa e “os possíveis para se manter a forma para o mais alto nível”.

O início do ano para o Roberto Bautista Agut foi promissor. Venceu 6 partidas individuais, por Espanha, na ATP Cup. Depois, seguiu-se o terceiro ronda no Australian Open, onde caiu perante Marin Cilic.

Ao todo, o espanhol soma 9 títulos, o último dos quais em 2019, em Doha. Recorde-se que em Novembro, Agut venceu 11 vitórias seguidas contra jogadores do top-10. Foi, aliás, em novembro que atingiu o nono lugar do ranking ATP, o seu melhor registo da carreira.

Por enquanto, a ATP espera que o circuito regresse em agosto. Apesar de Wimbledon estar cancelado,  US Open e Roland Garros ainda se mantêm agendados. O ATP Finals tem data marcada para o período entre 12 e 22 de novembro, em Londres. Tudo indica, porém, que deverá ser adiado.

André Dias PereiraJulho 16, 20193min0

Magistral. Eterno. Sublime. São muitos os adjetivos que podem classificar o triunfo de Novak Djokovic este domingo, em Wimbledon. O mais antigo Major do mundo viveu mais uma tarde de glória, que coroou Djokovic como pentacampeão.

A final contra Federer não foi apenas elevada a um nível técnico estratosférico e uma das mais emocionantes de sempre. Foi também a final mais longa da história de Wimbledon. Ao fim de 4h57 minutos, Nolan venceu por 7-6(5), 1-6, 7-6(4), 4-6, 13-12(3). O jogo foi decidido no tie-break do quinto set, após um 12-12, sendo a primeira final de Wimbledon a ser decidida desta forma.

Federer tentou de tudo. Usou slices, subiu à rede e foi tão eficaz no seu jogo de serviço que não sofreu qualquer break point nos três primeiros sets. De resto, olhando para os números, Federer teve mais ases (25/10), cedeu menos duplas faltas (6/9), foi mais eficaz no primeiro serviço (63%/62%), teve mais winners (94/54) e teve mais pontos ganhantes (218/204). Mas não foi suficiente.

Djokovic mostrou porque é número um mundial está entre os melhores de sempre, ao lado de Federer e Nadal. Os três, aliás, contiuam a dominar o circuito. Federer diz que, independentemente do ranking, enquanto se sentir competitivo vai continuar a jogar. E à beira dos 38 anos o suíço não parece abrandar. Se na final esteve ao seu melhor nível, o mesmo aconteceu diante Rafa Nadal, nas meias-finais. Em mais um clássico Fedal, o helvético terá feito uma das suas melhores exibições de sempre no confronto entre os dois. No 40º confronto entre os dois recordistas de Major, Federer ganhou por 7/6 (7-3), 1/6, 6/3 e 6/4, atingindo a sua 12ª final no All England Club. De resto, ao vencer Kei Nishikori, o octacampeão Federer tornou-se o primeiro jogador a conquistar 100 vitórias em Wimbledon.

Sousa, em grande, sobe 13 posições

Ao vencer Wimbledon, Novak Djokovic conquistou 4 dos últimos 5 Grand Slam disputados. O seu domínio no circuito, mesmo com Nadal e Federer, é inquestionável. Mesmo que nas bancadas se gritem os nomes dos seus rivais. Certo é que o sérvio tem agora 16 Grand Slam, cinco dos quais no All England Clube. Aos 32 anos não é impensável que o Nolan possa igualar, ou ultrapassar, os 8 títulos de Federer em Wimbledon, ou até os seus 20 Grand Slam, tornando-se o maior campeão da história. E conseguir isso durante na Era de Federer e Nadal é um grande feito.

Aliás, no confronto com Federer a vantagem de Djokovic é inequívoca. Em 47 jogos, Nolan venceu 25 e nos três disputados em Wimbledon ganhou todos. O sérvio também tem mais vitórias sobre Federer em Grand Slam (9/6) e nos últimos 5 jogos, venceu 4. Por fim, das 4 finais que disputaram, Djokovic ganhou 3.

Quem também esteve em grande plano foi João Sousa. O português alcançou a sua melhor prestação em um Major, atingindo os oitavos de final. Foi o melhor resultado de um tenista português em Grand Slam. O vimarenense deixou para trás nada menos que Marin Cilic (6-4, 6-4, 6-4) e Daniel Evans (4-6, 6-4, 7-5, 4-6, 6-4). Sousa acabaria afastado por Nadal, por triplo 6-2.

Com este resultado, João Sousa sobe 13 posições no ranking e é agora 56 do mundo.

Não menos surpreendente foi o espanhol Roberto Bautista Agut. Ao atingir as meias-finais, tornou-se o primeiro espanhol que não Nadal a jogar este fase de Wimbledon deste 1972. Antes de ser eliminado por Djokovic (6-2, 4-6, 6-3, 6-2) deixou para trás Karen Khachanov, Benoit Paire e Guido Pella.

usopen2-1280x720.jpg
André Dias PereiraSetembro 12, 20186min0

Diz o adágio que a festa não se faz quando a temporada começa mas sim quando acaba. Que o diga Novak Djokovic, que este domingo conquistou pela terceira vez o US Open. Depois de uma longa paragem por lesão, que arrancou em Wimbledon, 2017, o sérvio regressou oficialmente à competição no Australian Open. Foi em Janeiro deste ano. Caiu na terceira ronda perante Chung Hyeon. Seguiu-se nova operação e Djokovic regressou mais cedo do que se pensava, para jogar Indian Wells e o Miami Open. Outra vez, caiu nas primeiras rondas. Seguiram-se muitas interrogações, até para o sérvio. Por esta altura, Roger Federer, vencedor do Australian Open, passeava a sua classe e aumentava a sua lenda. Ao mesmo tempo, Rafael Nadal continuava afinar a sua máquina, regressando ao seu melhor. Até vencer Roland Garros.

É por isso que a vitória de Novak Djokovic no US Open é, acima de tudo, a vitória da persistência. É, por assim dizer, o apogeu num ano com muitos baixos, no arranque da época, e grandes picos, no final. É também a consolidação do título em Wimbledon e da vitória recente em Cincinnati.

E o triunfo (6-3, 7-6 e 6-3) em Nova Iorque chegou curiosamente sobre outro jogador que entre 2014 e 2016 atravessou também o calvário de uma lesão no pulso: Juan Martin Del Potro. O argentino, que cedeu o terceiro lugar do ranking a Djokovic, chegou a questionar o seu futuro no ténis. O ano de 2018 está, no entanto, a mostrar que valeu a pena chegar até aqui. O campeão do US Open de 2009 não voltou a repetir o feito, contudo, tem-se mantido entre o top-5, conquistando os títulos de Acapulco e Indian Wells. Este domingo, não resistiu a um Djokovic que fez jus ao seu melhor período de número 1 mundial. Nolan encostou Del Potro às cordas, soube explorar a esquerda do argentino, conseguindo ainda anular o seu serviço. E com tranquilidade foi construindo a sua vantagem.

Este foi o 14º Grand Slam para o sévio, que iguala Pete Sampras. Melhor, só Rafa Nadal (17) e Roger Federer (20).

Quando passei pela cirurgia, senti o que Juan Martin (Del Potro) passou quando esteve fora. Quando ficas fora, tentas fazer as coisas darem certo, mas elas não acontecem. Foram tempos difíceis, mas aprendemos com as dificuldades, com os tempos de dúvida.

Novak Djokovic, após a vitória sobre  Del Potro, que confimou o título do US Open

Para chegar à final, Del Potro deixou para trás, nas meias-finais, nada menos que Rafael Nadal. O espanhol acabou por sair lesionado, mas garantiu a continuidade na liderança mundial. Uma dor no joelho direito precipitou a desistência do maiorquino quando perdia por 2-0 em set: 7-6 e 6-2.

Tal como no Australian Open, Nadal saiu lesionado. Uma situação à qual não será alheia o grande esforço feito nos quartos de final contra Dominic Thiem, naquele que foi um dos grandes jogos do ano. O autríaco confirmou diante o espanhol que subiu o seu ténis a outro patamar e que, em breve, repetirá o feito de Paris, onde atingiu a sua primeira final de Grand Slam. Foram mais de 5 horas de jogo, com a vitória a sorrir ao número 1 mundial pelos parciais: 0-6, 6-4, 7-5, 6-7 e 7-6. Tal como ocorrera em Roland Garros.

João Sousa histórico. Federer, que futuro?

João Sousa perdeu pela quarta vez para Djokovic, mas fez história para Portugal. Foto: Record

Não será atrevimento dizer que o US Open de 2018 confirmou a reabilitação de jogadores tidos como proscritos. Tal como Djokovic e Del Potro, também Kei Nishikori tem tido um ano difícil. Depois de uma paragem de 5 meses, o japonês regressou à competição, em Fevereiro, em Nova Iorque. Foi, gradualmente, aumentando a sua competitividade até alcançar os quartos de final em Wimbledon. Agora, no US Open, só caiu nas meias-finais contra Novak Djokovic: 6-3, 6-4 e 6-2. O nipónico, finalista vencido em 2014, só pode sentir-se feliz com a sua prestação este ano.

Menos feliz estará Roger Federer. O suíço, que começou o ano a ganhar em Austrália e a recuperar a liderança mundial, foi surpreendido por John Millman: 3-6, 7-5, 7-6 e 7-6. O australiano, 55 do mundo, soube tirar proveito daquele que terá sido um jogos menos conseguidos da carreira do helvético. Federer teve nada menos do que 76 erros não forçados, errando ainda 70% no primeiro serviço. A final de Wimbledon e Cincinnati já tinham demonstrado um Federer abaixo da sua real capacidade. Aos 36 anos, e com uma participação reduzia em torneios – recorde-se que falhou toda a temporada de terra batida, incluindo Roland Garros – há quem questione o futuro de Federer.

Roger Federer deve jogar mais torneios ou considerar retirar-se

Pat Cash, ex-tenista australiano, vencedor de Wimbledon em 1987

Mas se há jogador que já desafiou a história e as probabilidades, é Federer. Matts Willander, ex-tenista e comentador, refere que o suíço deverá jogar até não conseguir ganhar mais jogos. E isso, apesar de tudo, parece estar longe de acontecer. Agora, ameaçado no ranking por Djokovic, Federer é ainda número dois mundial.

E por falar em história, João Sousa escreveu mais uma página dourada para o ténis luso. Ao atingir os oitavos de final, o Conquistador tornou-se o primeiro português a alcançar esse patamar em um Grand Slam. “Resultados como este ajudam a que a modalidade se torne maior no nosso país”, admitiu Sousa, que arrecadou 230 mil euros de prize money. Os 180 pontos averbados no US Open permitiram-lhe subir 19 lugares na hierarquia, regressando ao top-50. É agora 49º.

Por tudo isto (mas não só) a edição deste ano do US Open deixará saudade. Consagra campeões como Djokovic ou Del Potro, relança Nishikori, eleva Thiem a outro nível e vê Portugal entrar nas história dos Major. Mas também lança dúvidas sobre o futuro de Federer e Nadal. Apesar de campeoníssimos, até quando terão fulgor físico para se manter na disputa de Major? Pode Djokovic, agora numa nova fase, ultrapassar Sampras, ou Nadal e aproximar-se de Federer? E a nova geração? Thiem e Isner, nos quartos de final, foram os melhores, mas continuam longe das lendas que ainda predominam no circuito. A John Millman coube a surpresa, que também caiu nos quartos de final. O momento Andy Warholiano que, com 29 anos, dificilmente se repetirá. O que não nos importamos que se repita são torneios jogados a este nível.

Foi assim que Novak Djokovic venceu pela terceira vez o US Open

sousa.jpg
André Dias PereiraSetembro 4, 20184min0

O futuro dirá o legado que João Sousa deixa ao ténis português. Não será agora e também não será quando se aposentar. O impacto do “conquistador” estará, com toda a certeza, na influência que deixa aos que hoje o vêem brilhar e ambicionam repetir as suas proezas.

No US Open Sousa voltou a abrir caminhos e fazer história para o ténis português. Pela primeira vez, um tenista luso atingiu os oitavos de final de um Grand Slam.

João Sousa começou por vencer o espanhol Marcel Grannolers (6-2, 6-2 e 6-3). Seguiu-se outro espanhol, Pablo Carreño Busta: 4-6, 6-3, 5-7, 6-2 e 2-0. Busta acabou se afastar do jogo por lesão, permitindo a Sousa alcançar pela terceira vez a terceira ronda da prova. Esta foi também a terceira vez que os dois tenistas se enfrentaram. Na primeira, em 2014, Sousa venceu no Masters de Miami. No ano seguinte, foi o espanhol a levar a melhor em Winston, também nos EUA.

Para garantir um lugar na história do ténis luso, João Sousa precisou de levar a melhor sobre o luxamburguês Lucas Pouille. O Conquistador venceu em quatro sets: 7-6, 4-6, 7-6 e 7-6. “Sabia que tinha que jogar bem e foi perfeito”, declarou Sousa, naturalmente feliz por voltar a escrever uma página de ouro no ténis português.

Já nos oitavos de final, Sousa acabou por cair perante o favoritismo de Novak Djokovic. Foi a quarta vez que ambos se enfrentaram, sempre com vitória do sérvio. Esta segunda-feira, Nolan venceu por 6-3, 6-4 e 6-3. Ainda assim, Djokovic salientou que “o resultado não espelha a dificuldade do jogo”, sublinhando a qualidade do português e as dificuldades que este lhe impôs.

João Sousa, recorde-se, tornou-se em 2013 o primeiro jogador português a entrar no top-50. No ano seguinte foi o primeiro tenista luso a jogar exclusivamente no ATP World Tour durante uma temporada. Ainda em 2014, foi o primeiro português a ser cabeça de série num Grand Slam, precisamente o US Open. É o jogador português com maior número de vitórias em Grand Slam, maior prize money e o tenista luso com mais títulos ATP: Kuala Lumpur (2013), Valência (2015) e Estoril (2018). A vitória no Estoril Open foi também a primeira de um português na única prova nacional incluída no calendário ATP. Por tudo isto, João Sousa é, pelo menos, o tenista português mais bem sucedido.

John Millman espanta o mundo

Nadal precisa de atingir as meias-finais para manter a liderança mundial.

O US Open chega agora aos quartos de final. E pode-se dizer que tudo está em aberto, com os quase todos os favoritos em acção. Quase, porque Roger Federer caiu com estrondo perante John Millman. O australiano fez um jogo muito assertivo e beneficiou dos 76 (!!!) erros não forçados por parte do suíço, que se despede precocemente dos EUA. Millman, 29 anos de idade, atinge pela primeira vez este patamar em um Grand Slam. Pela frente terá agora outro peso pesado: Novak Djokovic.

Roger Federer tinha deixado para trás Yoshihito Nishioka (6-2, 6-2 e 6-4), Benoit Paire (7-5, 6-4 e 6-4) e Nick Kyrgios (6-4, 6-1 e 7-5). Ainda não foi desta que o Kyrgios conseguiu brilhar em um Grand Slam. Os oitavos de final são agora o seu melhor registo no US Open. Melhor que isso, só os quartos de final em Wimbledon (2014) e Roland Garros (2015).

E há que lembrar também que Rafa Nadal está em prova. O espanhol jogará com Dominic Thiem. O maiorquino precisou de quatro sets na ronda anterior para vencer Nikoloz Basilashvili (6-3, 6-3, 6-7 e 6-4). O georgiano está a ter um ano de sonho. Em Hamburgo venceu não só o seu primeiro título ATP, como esse foi também o primeiro troféu para o seu país.

Nadal é claramente favorito contra Thiem, numa reedição da final de Roland Garros deste ano. Dos restantes jogos, Del Potro (3) detém algum favoritismo face a John Isner (11), enquanto Marin Cilic (7) e Kei Nishikori jogam também por um lugar nas meias-finais.

wawrinka.jpg
André Dias PereiraJulho 9, 20183min0

Terminou na segunda ronda a participação Wawrinka em Wimbledon. Este é, aliás, o único torneio em falta para o suíço completar o carreer Grand Slam. Contudo, o helvético estava longe de representar um favorito à vitória final. Depois de recuperar de uma lesão no joelho que obrigou a uma longa paragem, Stan regressou à competição em Roma, perdendo da ronda inaugural para Steve Johnson.

Wawrinka entrou em Wimbledon ainda à procura da melhor forma física e longe do seu melhor ténis. Outrora top-3 mundial, o suíço é hoje 224 do ranking ATP. Havia, portanto, uma expectativa q.b. sobre o que poderia o helvético fazer na prova. E logo na ronda inaugural, o adversário era nada menos que Grigor Dimitrov, número 6 mundial.

Em bom rigor, o búlgaro também não atravessa a melhor fase da carreira. Depois de um 2017 com quatro títulos, entre os quais o ATP Finals, em 2018 ainda não logrou qualquer troféu. O encontro com Wawrinka era, pela história e estatuto dos dois, o jogo mais aguardado para ronda inaugural do Torneio dos Cavalheiros. A vitória acabou por sorrir, de virada, para o suíço: 1-6, 7-6 (7-3), 7-6 (7-5) e 6-4.

O triunfo do helvético representou uma dose importante de confiança. Contudo, não foi suficiente para ultrapassar, na ronda seguinte, o italiano Thomas Fabbiano, 133 do mundo: 7-6 (9-7), 6-3 e 7-6 (6-4). Esta foi, também, a primeira vez que o italiano venceu um set em Major esta temporada. A derrota de Wawrinka acabou por representar uma desilusão depois do feito perante o búlgaro. “Estou muito desiludido por perder um encontro como o de ontem e de hoje. Acho que ontem estava a jogar muito bem”, disse. O helvético acredita também irá regressar à melhor forma. “Aceito sempre que quando estás fora por algum tempo pode demorar algum tempo até voltar ao bom nível e resultados. Não espero que os resultados apareçam de um dia para o outro, depois de uma boa semana de treinos. Sei o quão duro é o ténis, toda a minha carreira tem sido assim.”

Quem também partilha da mesma ideia é Gael Monfils. “Não tenho dúvidas de que vai ficar bem e vai voltar a ficar tão forte como antigamente. Ele trabalha muito e é super apaixonado pela modalidade. Ele é um campeão. Acredito que seja apenas uma questão de tempo.

Marin Cilic, outro favorito, também está fora de Wimbledon. Terceiro cabeça de série e finalista vencido em 2017, o croata foi afastado pelo argentino Guido Pella na segunda ronda.

Quem pode roubar a cena a Federer?

Wimbledon segue agora para os quartos de final. Roger Federer é o grande favorito. O suíço já deixou para trás Dusan Lajovic, Lukas Lacko e Adrian Mannarino não tendo perdido qualquer set. Federer busca o nono título em Wimbledon e o 21º Grand Slam da carreira. Só que Rafa Nadal, Novak Djokovic e Juan Martin Del Potro também ainda estão em cena. Destaque também para Kei Nishikori que, aos poucos, vai regressando à melhor forma. Tal como Wawrinka, Murray (que desistiu de Wimbledon) e Djokovic atravessou o deserto das lesões e busca a melhor forma. Só que, tal como Djokovic, e ao contrário de Wawrinka, o nipónico já tem mais jogos nas pernas desde que regressou da lesão. Neste seu percurso eliminou de Nick Kyrgios (6-1, 7-6 e 6-4).

Existe, também, a possibilidade de Djokovic e Nadal se enfrentarem nas meias-finais. Tudo está, portanto, ainda em aberto. Esta segunda-feira marcou o arranque da semana decisiva de Wimbledon. Alguém pode roubar a cena Federer? Domingo, tudo vai ser decidido.

wimbledon-1280x498.jpg
André Dias PereiraJulho 2, 20183min0

Arranca esta segunda-feira mais um torneio de Wimbledon. É preciso recuar até ao ao ano de 1877 para lembrar a primeira edição, então vencida por Spencer Gore. Mas de então para cá ninguém foi mais bem sucedido do que Roger Federer. Foram oito vitórias, a última das quais o ano passado.

A questão levantada é se aos 36 anos o tenista suíço vai ampliar a sua lenda no All England Club. Federer parte como favorito, mas a sua condição de número 2 mundial obriga-o a um percurso mais espinhoso para atingir a final. A estreia será feita diante Dusan Lajovic (57º). Mas poderá encontrar Borna Coric – com quem perdeu a final de Halle – ou Marin Cilic, a partir dos quartos-de-final.

Roger Federer repete a fórmula de sucesso de 2017. Este ano falhou novamente toda a temporada de terra batida, regressando em Estugarda. O helvético venceu o torneio germânico e perdeu, depois, a final de Halle. Ganhar Wimbledon é o grande objetivo de Federer para 2018. Foi o próprio quem o disse, explicando que para isso “é importante estar mentalmente forte e em boas condições físicas”.

Como grande rival o suíço terá, como sempre, Rafael Nadal. O espanhol decepcionou nas últimas edições mas, este ano, chega com outra pujança. E com confiança reforçada. Nadal, recorde-se venceu há um mês Roland Garros. O maiorquino arranca no torneio britânico diante o israelita Dudi Cela. Ser número 1 do mundo garante-lhe também um percurso melhor para atingir uma eventual  final. Ainda assim, Del Potro, Denis Shapovalov e David Goffin são alguns possíveis rivais.

Murray ausente, Edmund é a esperança da casa

Quem está fora de Wimbledon é Andy Murray. O britânico desistiu de disputar o torneio britânico na véspera do seu início. A recuperar de uma lesão no quadro, Murray diz não estar em condições de jogar. Aos 31 anos, o bicampeão de Wimbledon atingiu os quartos de final o ano passado. Parado há onze meses por lesão e com uma cirurgia em Janeiro, o seu regresso estava apontado para Wimbledon.

Quem também corre por fora é Novak Djokovic. Com uma temporada irregular o sérvio pode jogar com Nadal nas meias-finais. O início será, contudo, diante Tennys Sandgren. Mais difícil poderá ser Kyle Edmund (18º), que, desde a ausência de Murray se tornou a grande esperança britânica. No Australian Open foi semi-finalista. Em Marraquexe, foi finalista vencido. Agora, a jogar em casa, será interessante acompanhar o seu percurso. Djokovic e Edmund porderão medir forças na terceira ronda.

Jogadores como Alexander Zverev, Nick Kyrgios e Denis Shapovalov são outros jogadores da nova geração que correm por fora. Tal como o já citado Borna Coric, que, na relva, tem evoluído a um nível capaz de conquistar Halle sobre Federer.

Contudo, o jogo mais atraente da ronda inaugural coloca frente a frente Stanislas Wawrinka e Grigor Dimitrov. O suíço está a ter um ano de pesadelo, longe da sua melhor forma e fora do top-200. O búlgaro, número seis mundial, ainda não conquistou qualquer troféu este ano.

Mais do que um torneio, Wimbledon é o mais importante evento de ténis do ano. Tradição, glamour e prestígio aliados a ténis de alto calibre. O torneio dos cavalheiros vai começar.

 

Wimbledon, 2018. O trailer


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS