Arquivo de Zivkovic - Fair Play

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Pedro AfonsoFevereiro 3, 20187min0

Que o plantel encarnado era desequilibrado, já se sabia desde Agosto de 2017. Que Rui Vitória não é um treinador que prime pelo seu modelo de jogo afinado, já se sabe desde que assinou pelo Benfica no Verão de 2016. Que o Benfica nunca conquistou um Pentacampeão, sabe-se desde sempre. Que o Benfica é um clube vendedor, sabe-se desde que LFV assumiu a presidência. Então o que nos trouxe de novo este mercado? A clara ideia de que a estrutura encarnada não está preocupada com conquistar mais um campeonato ou, então, está completamente desligada da realidade futebolística.


Já foi amplamente discutido o papel de Rui Vitória como timoneiro dos encarnados ao longo destes últimos três anos, bem como a sua enorme capacidade de lançar jovens e potenciar jogadores que muitos outros simplesmente descurariam. Contudo, ao contrário daquilo que tinha vindo a acontecer desde há cerca de 10 anos para cá, a tão-aclamada “Estrutura” do SL Benfica não investiu de forma a fornecer as condições mínimas que Rui Vitória necessita para poder conquistar o campeonato. Não que Rui Vitória seja um treinador exigente, bem pelo contrário, a sua passividade é muitas vezes recompensada com uma mão cheia de “nada”.

Da equipa que conquistou o Tetracampeonato inédito, 4 jogadores absolutamente imprescindíveis foram vendidos, por preços, em alguns casos, mal negociados, face ao mercado atual:

  • Ederson
  • Nélson Semedo
  • Victor Lindelof
  • Mitroglou

Se no caso dos três primeiros, a venda poderá ser justificada com potenciais mais-valias económicas, que se veio a provar estarem muito longe do ideal ou do prometido pela Direção, como o caso dos 20M€ lucrados com a transferência de Ederson, a venda de Mitroglou apenas se poderá justificar com uma total inapetência de compreensão futebolística por parte da estrutura, que considerou que um jogador com mais de 50 golos em duas épocas pudesse ser substituído por Jiménez, um dos maiores flops da história do clube, ou Seferovic, que tem vindo a provar o seu estatuto de avançado sem golo ao longo desta época.

Um início auspicioso, mas um eclipse ainda mais célere (Fonte: A Bola)

Tudo isto seria aceitável, se a Estrutura tivesse presenteado Rui Vitória com jogadores de valia inequívoca. Mas a verdade é que os substitutos para os jogadores acima listados foram:

  • Bruno Varela/Svilar
  • Douglas
  • Ruben Dias
  • Seferovic

Esta transição de qualidade é digna de um livro de anedotas futebolísticas e poderia ser considerado, no mínimo, como um ato de má gestão desportiva. Os diversos tiros no pé foram complementados com contratações de jogadores para emprestar a clubes da Liga NOS, sem existir uma clara hipótese de alguma vez vestirem a camisola encarnada, e com a contratação mais cara do defeso ter sido Arango, emprestado ao Desportivo das Aves. Apenas uma das transferências foi acertada: Krovinovic.

O craque croata chegou e lesionou-se logo na pré-época, tendo atrasado a sua afirmação no 11 encarnado. Mas quando teve oportunidade, chegou, viu e venceu. Uma verdadeira formiga no meio-campo, dotado de uma visão de jogo e uma inteligência acima da média, Krovinovic foi o responsável pela mudança de estilo que remodelou o jogo encarnado: a mudança de 442 para 433.

A ascensão do croata obrigou o técnico Rui Vitória a retirar um dos elementos mais avançados que não estavam a ter o rendimento esperado e a complementar Pizzi, a fazer uma época absolutamente medíocre e digna de banco. E foi Krovinovic que “segurou as pontas” de um equipa sem ideias, sem rasgo, completamente amorfa.

Um craque e uma pechincha (Fonte: A Bola)

Chegado o mês de Janeiro, uma hecatombe: Krovinovic lesiona-se e falha o resto da temporada. Se parecia claro que o Benfica não iria atacar o mercado, um verdadeiro paradoxo já que se encontra arredado de 3 das 5 competições onde se encontrava inserido e apenas com possibilidade de conquistar um campeonato partido de trás, da 3ª posição. O Penta parecia não ser prioridade para a estrutura. Mas, nesta fase, um golpe tão profundo fez com que o adepto encarnado esperasse alguma movimentação no mercado. Agora, findado o mercado de Inverno, ficou claro que a lógica não é o motor que rege as decisões para a temporada encarnada.

No meio disto, o técnico ribatejano é obrigado a remendar com o que tem e como que não tem. Neste momento, existem 3 jogadores na calha para suceder a Krovinovic e nenhum parece demonstrar ser uma solução aceitável para o nível do Tetracampeão nacional:

  • João Carvalho -> Um poço de talento, mas muito “verde” e sem rotinas numa posição que pressupõe compensação defensiva e concentração em todas as fases do jogo, algo que o jovem parece ainda não ter. No entanto, de todas as opções disponíveis, assume-se como a hipótese mais forte e mais segura.
  • Zivkovic -> O croata é um extremo, ponto. A ideia de que poderá jogar em zonas mais centrais surge da sua enorme capacidade de ler o jogo e de passe. Mas adaptar um extremo para médio centro/médio ofensivo em pouco menos de um mês é uma ideia mirabolante.
  • Keaton Parks -> O médio norte-americano foi já opção por várias vezes de Rui Vitória em competições das taças. Demonstrou sempre capacidade de leitura de jogo e um bom passe. Mas, à semelhança de um jogador que já vestiu a camisola encarnada (André Gomes), é muito “mole” e não tem a intensidade necessária para assumir o meio-campo encarnado.

Paralelamente, poderemos questionar se André Almeida é suficiente para assumir a lateral direita encarnada de forma consistente (até ao momento, tem provado tudo e todos que estavam errados) e questionar se a saída de Lisandro López, ainda que tenha chegado com 2 ou 3 anos de atraso, se justificava numa altura em que Luisão caminha a passos largos para a reforma, Ruben Dias é uma aposta ainda em fase de afirmação e Jardel vem de uma época em que esteve parado.

O espelho da época encarnada [Fonte: Calcio Mercato]
O único ato de gestão que parece ter sido verdadeiramente inteligente foi o de terminar o empréstimo com Gabigol, um jogador que não trouxe nenhuma mais-valia ao clube encarnado e pareceu sempre mais um elemento desestabilizador do que um elemento útil do plantel.

Rui Vitória tem sido um verdadeiro mágico esta época a encontrar soluções, principalmente defensivas. É verdade que tem um plantel rico em opções, principalmente no ataque, e que a sua qualidade obriga a resultados melhores do que aqueles que tem tido. Mas quem o contratou sabia, ou deveria saber, que o técnico ribatejano é mais um “gestor” do que um “treinador” e que, por isso, necessita de uma grande quantidade de talento à sua disposição, em todas as secções, para singrar.

O Seixal não será sempre garantia de qualidade, as contratações não serão sempre certeiras e as vendas não serão sempre as ideias. Mas existe um mínimo exigível para garantir uma época o menos atribulada possível que não foi, certamente, atingido. Para repensar a abordagem à próxima época, já que esta parece ter o seu destino traçado.

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Pedro AfonsoJaneiro 28, 20189min1

Mais uma incursão pelo Mundo Virtual do Futebol e mais uma viagem a tempos idos! Desta feita, o Fair Play relembra como era o futebol em 2014, com uma listagem das personagens que já abandonaram os relvados, as putativas estrelas do futuro e uma pequena revisão de alguns plantéis que sofreram as maiores alterações. Entrem na máquina do tempo!!


2014 foi apenas há quatro anos atrás, mas os acontecimentos de então já nos parecem de outra era. Abaixo, podem encontrar uma pequena lista de acontecimentos desse ano:

  • Eusébio morre a 5 de Janeiro
  • Cristiano Ronaldo ganhava a sua 3ª Bola de Ouro
  • O ISIS anuncia a criação de um Califado
  • A Alemanha sagra-se Campeã Mundial, demolindo o Brasil por 7-1 na sua caminhada até à Final
  • José Sócrates é preso preventivamente

Lendas que já deixaram os relvados

Carles Puyol (FC Barcelona | 35 anos)

A figura do defesa central culè com uma farta cabeleira causa ainda reminiscências nos amantes do futebol espanhol. Se as disputas entre Real Madrid e FC Barcelona carregavam em si toda a instabilidade do país irmão, era também Puyol que nos relembrava que o futebol é um desporto, que todos amamos.

Para cada Piqué e cada Sergio Ramos, havia um Puyol e um Xabi Alonso, com uma postura inabalável em campo. A força mental de Puyol é bem espelhada nos seus atributos, onde os vintes em “Liderança”, “Determinação”, “Bravura” e “Trabalho de Equipa” demonstram um jogador que nunca se rendia.

Steven Gerrard (Liverpool | 33 anos)

O histórico médio inglês é, para muitos dos românticos do futebol, um dos últimos bastiões da lealdade e sentimento de pertença a um clube no futebol moderno. Gerrard haveria de abandonar o Liverpool sem conquistar nenhuma Premier League, apesar da conquista da Liga dos Campeões em 2005.

O FM 2014 é um dos últimos jogos onde se pode aspirar a levar Gerrard a conquistar a Premier League que tanto merecia. Quem escolher começar com o Liverpool terá em Gerrard um verdadeiro líder e distribuidor de jogo.

Javier Zanetti (Inter | 39 anos)

Tal como Puyol, Zanetti assume-se como uma personalidade incontornável no futebol, pela sua postura irrepreensível e de uma responsabilidade imensa dentro do emblema italiano. Numa entrevista recente, Zanetti “culpa-se” pela incapacidade de ajudar Adriano “Imperador” aquando da morte de seu pai, demonstrando uma componente humana absolutamente ímpar.

Treinar Zanetti e o Inter de Milão no FM 2014 é treinar uma equipa com uma grave crise de identidade e em necessidade de remodelação. Zanetti será capaz de jogar 1 ou 2 épocas no máximo, mas apresenta aos 39 anos atributos absolutamente incríveis e uma polivalência fora do comum. Um jogador essencial para o balneário e para a defesa “interista”.

Os plantéis dos 3 “grandes”

Há quatro anos atrás, o paradigma do futebol português em nada fazia antever o desenrolar dos acontecimentos até à data de hoje. O FC Porto ganhara 8 dos 10 campeonatos anteriores, o SL Benfica assumia-se como 2º classificado crónico e o Sporting CP passava uma grave crise interna que arredara o clube do pódio nos 2 anos anteriores.

Mas a verdade é que, olhando para os plantéis dos 3 grandes, as mudanças podiam adivinhar-se, se bem que os “prognósticos no final do jogo” sejam mais fáceis. De mencionar que a versão da Base de Dados usada é a versão 14.3, pelo que as transferências de Inverno já haviam acontecido, levando à saída de Matic do SL Benfica, por exemplo.

O plantel encarnado demonstrava uma profundidade fora do comum, com inúmeros jogadores de enorme qualidade e que atualmente povoam outros voos.

Por sua vez, o plantel portista apresentava inúmeras deficiências que demonstravam uma certa inaptidão no ataque ao mercado, fazendo lembrar a abordagem da estrutura encarnada à época atual. Jogadores como Fabiano, Abdoulaye, Licá, Tozé, Josué e Kléber demonstraram não ter qualidade para fazer parte do plantel de um clube como o FC Porto.

Por sua vez, o plantel leonino é de “bradar aos céus”. Muito longe das individualidades que hoje possui, o clube de Alvalade contava com jogadores como Vítor, Shikabala, Maurício, Gérson Magrão, Heldon e Capel, completamente desfasados da realidade do clube e das suas necessidades. Leonardo Jardim fez “omeletes sem ovos”.

Como era o futebol lá fora?

A nível europeu, pouco mudou. Na Alemanha, Bayern era e continua a ser a grande potência, na altura com Guardiola ao comando; em França, o Paris Saint Germain começava a sua caminhada com os petrodólares; em Itália, a Juventus é senhora e rainha; em Espanha, Barcelona continuava a encantar, mas perdia terreno para o Real Madrid, com um Atlético a intrometer-se na luta; em Inglaterra, Sir Alex Ferguson acabara de se reformar e dera o título ao Manchester United, tendo Mourinho regressado a Londres para levar o Chelsea à conquista da Premier League.

A menção ao Dortmund prende-se com o enorme plantel que apresentavam à altura, liderados pelo germânico “louco”, Jurgen Klopp. Olhar para este plantel e compara-lo com o atual faz-nos questionar até que ponto é que a política dos bávaros de Munique não desvirtua toda a competição alemã.

As pérolas por descobrir

Cada FM é rico em jogadores desconhecidos, jovens promessas, prontos para fazer a nossa equipa dar o salto qualitativo e aumentar a conta bancária. Abaixo, uma pequena lista de jogadores a considerar nos vossos “saves”.

Carlos Fierro (Chivas | 18 anos)

O jovem mexicano, atualmente com 23 anos, nunca foi capaz de chegar aos níveis que o simulador mais amado pelos adeptos do “Desporto-Rei” lhe augurava. Contudo, os atributos físicos e técnicos permitem perceber que Fierro encaixava que nem uma luva no papel de avançado móvel.

Atualmente ao serviço do Cruz Azul, o jovem avançado mexicano conseguiu apenas marcar 13 golos em 175 partidas, divididas pelo Chivas e pelo Querétaro, muito longe do mínimo aceitável para um avançado.

Rodrigo Gómez (Argentinos | 20 anos)

Não se deixem enganar pelo nome desconhecido: este jovem extremo direito é um dos maiores talentos que o FM 2014 tem para oferecer. Com uma agilidade e 1×1 estonteantes, Gómez tem uma larga margem de evolução e provará ser uma aposta segura para qualquer “manager” que decida apostar em si.

A verdade é que apesar destes atributos invejáveis, o extremo nunca foi capaz de se assumir no Mundo do Futebol, estando agora ao serviço do Toluca desde 2016, onde apenas participou em 12 jogos.

Donis Avdijaj (Schalke | 16 anos)

O jovem avançado germânico começa a tornar-se um habitué nestas andanças. Contudo, a sua história de sucesso na saga Football Manager começa em 2014. Como se pode ver pelos atributos abaixo, o jovem alemão tem um perfil altamente técnico, perfeito para o papel de falso 9. Aos 16 anos, apresenta atributos verdadeiramente notáveis e é assustador pensar até onde poderá chegar, se bem acompanhado.

O avançado kosovar (abdicou da seleção alemã), joga atualmente no Roda JC da Holanda, por empréstimo do Schalke 04. A sua carreira não tem sido particularmente brilhante, mas a sua idade ainda lhe permite almejar maiores voos.

Andrija Zivkovic (Partizan | 16 anos)

Quem haveria de dizer que um dos maiores talentos do FM 2014 haveria de pisar os relvados portugueses, 3 épocas depois? A verdade é que Zivkovic, atualmente no SL Benfica, ainda não conseguiu confirmar todo o potencial que o simulador lhe augurava, mas para lá caminha, apesar da fraca aposta por Rui Vitória.

Ao contrário de versões anteriores do jogo, o simulador começa a ser cada vez mais realista e a observação de jogadores baseia-se numa extensa rede de colaboração, que contribui para um jogo cada vez mais completo. A complexidade aumenta a cada versão e longe vão os tempos do Tó Madeira e das táticas vencedoras em todas as situações. Um sinal de mudança também para o Futebol? No entanto, teremos sempre os antigos “saves” para nos relembrar de tempos mais fáceis ao leme dos nossos clubes!


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